sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Arte e Moda VII


Rei, Rainha do Desconstrutivismo

Por Emanuele Ferronato Poyer[1]

 

Podemos chamar de escuridão o dia em que Rei Kawakubo se revelou às passarelas da França com sua coleção da Comme des Garçons, ela pôs abaixo a profusão de cores e silhuetas e ergueu uma nova essência do vestir: a roupa como escultura, arquitetura, que cria volume no espaço ao invés de moldar o corpo, que trabalha sobreposições, assimetrias, estética homeless[2], com costuras inacabadas e uma paleta quase monocromática.

Rei afirmou junto com Yamamoto um estilo que rompia totalmente o consenso em vigor da época. “Saltos baixos, ausência de maquiagem, pudor, reserva, hermetismo” (BADOUT, 2010, p.326), tudo isso espantou o público, alguns críticos descreveram como Hiroshima, em referência ao bombardeio americano à cidade japonesa.

"Something from nothing..." Comme des Garçon, 1982
Disponível em: < http://lakhimich.blogspot.com.br/2011/10/ai-weiwei-han-dynasty-urn-i-suppose.html >

O curioso é que, embora tanto a arte como a moda possam soar distantes da realidade, muitas coisas vistas nas passarelas, nunca ganharam de fato as ruas, coisa que Rei nunca se importou, pois sempre quis se aproximar do humano, fazendo com que as pessoas através da arte entendessem que a imperfeição é humana.

Numa época em que o culto à aparência era muito grande, Rei criou “uma espécie de obra de arte para ser usada sobre o corpo” (BADOUT, 2010, p.326), com tecidos que não eram nada típicos, peças que provavelmente irão parar em museus, por isso afirmo que Rei Kawakubo é uma rainha no assunto de desconstruir, ela desconstrói para reconstruir melhor, com um nível de abstração ela transforma o tecido em uma matéria de escultura.

Rei “estará sempre causando mal-estar, espanto e por fim admiração.” (BADOUT, 2010, p.326)

Coleção Verão 2012 – alfaiataria modificada

 Coleção verão 2012

Referências:
PIZA, Renata. 
Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo, os mestres da moda made in Japan.  Disponível em: < http://modaspot.abril.com.br/cultura-fashion/cultura-historia/cultura-historia-estilistas/yohji-yamamoto-e-rei-kawakubo-os-metres-da-moda-made-in-japan>. Acesso em : 25 fev. 2012

Rei Kawakubo Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2005/moda16/mo1612200522.shtml>. Acesso em : 25 fev. 2012

BAUDOT, François. Moda do século. 3. Ed. São Paulo: Cosac Naify, 2002.




[1] Graduanda em Design de Moda – Bacharelado, na Universidade Comunitária Regional de Chapecó – UNOCHAPECÓ. Texto desenvolvido em 2012 para a disciplina: Teoria e História da Arte, Moda e Design.

[2] Significa literalmente: mendigo. Conhecida também por “pauperisme”, ou seja, pobre. A japonesa Rei Kawakubo, na Commes des Garçons, foi precursora do estilo ao apresentar looks inspirados nos mendigos, em sua coleção “detonada” que chocou Paris na década de 80. (Nota de Andrea Lisboa de Miranda)

quarta-feira, 2 de março de 2011

Arte e Moda VI



Jefferson Kulig: Na Fronteira Entre a Moda e a Arte

 

"No meu trabalho a arte e a moda estão normalmente ligadas!
Várias das idéias que coloco em minhas coleções e também na passarela são tiradas do mundo da arte."
Jefferson Kulig, 2007

 
Dismorfia
São Paulo Fashion Week, Inverno, 2004.
 


 
As roupas criadas por Kulig são denominadas como "plásticas".
Muitos ficam em dúvida se ele é um artista ou um estilista, ou os dois. Mas, em suas palavras:

"Não tenho a preocupação de dar um título ao meu trabalho, sei que me utilizo dele para me comunicar com o público, gosto de pensar que poderia fazê-lo independente da área que atuasse."(Kulig, 2007)
 
Futuro Híbrido
São Paulo Fashion Week, Inverno, 2007.

 

Jefferson Kulig propôs para a coleção de inverno de 2011, um mosaico de texturas e a colagem de diversos elementos, que transitam em diferentes  universos, como o masculino,  punk  e o luxo.

São Paulo Fashion Week, Paraná Business Colletion,
Inverno, 2011. 
 



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Arte e Moda V


Unidades Estético-Formais da Moda


"(...) como qualquer artista o criador de modas inscreve-se dentro do mundo das Formas."
Gilda de Mello e Souza, 1987.

O estilista (costureiro, figurinista, designer de moda, ...) ao criar resolve, além das vinculações externas sociais e questões conceituais, problemas estéticos de equilíbrio, de linhas, de cores, de ritmos, elementos que concernem ao traje enquanto forma e matéria.
Assim, as unidades básicas da criação de moda são as mesmas das demais artes espaciais e como parte da cultura de uma sociedade, estão ligadas às correntes estéticas de seu tempo, "principalmente à arquitetura e à pintura", conforme a abordagem de Gilda de Mello e Souza (1987).

A estética do período Gótico: verticalidade.

Do ponto de vista artístico os principais aspectos estruturais do traje podem ser assim relacionados:
- forma,
- cor,
- tecido,
- movimento.
É da conjugação desses quatro elementos que nasceria a "obra de arte" conforme Gilda de Mello e Souza (1987).

 

Arte e Moda IV


A União Entre a Arte e a Moda

 
Grandes nomes, como os artistas Andy Warhol e Gustav Klimt, e costureiros, como Paul Poiret e Cristobal Balenciaga, cada um em seu tempo, transpondo os limites entre as duas manifestações, deixou em suas obras um ponto em comum: a união entre a Arte e a Moda.

 
Andy Warhol

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Arte e Moda III


Elsa Schiaparelli e o Surrealismo

As coleções de Elsa Schiaparelli são inspiradas pelo Surrealismo e, dentre seus vários amigos artistas, estavam Marcel Duchamp e Salvador Dalí, amigo e colaborador.

Chapéu Sapato, em feltro de lã, inverno de 1937-38
Schiaparelli em colaboração com Salvador Dalí.

 


Estudos para chapéus (incluindo o chapéu sapato), 1937

http://blog.mawi.co.uk/2009/12/10/so-surreal/
http://www.onzeblog.com/fashion/20th-century-fashion-the-30s/
http://hello-hasm.blogspot.com/2010/02/addressing-century-100-years-of-art-and.html

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Arte e Moda II

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Diálogos de Yves Saint-Laurent com a Arte Moderna

Um exemplo da influência da arte sobre a moda talvez tenha sua expressão mais conhecida no vestido inspirado em Mondrian, criado por Yves Saint-Laurent (1936-2008) em 1965, numa espécie de apropriação-homenagem que denota uma tendência às citações da produção artística moderna.
Saint-Laurent uniu moda e arte ao criar os tubinhos inspirados nos trabalhos do holandês Piet Mondrian (1872-1944), que foi um artista do Neoplasticismo e que usava em suas pinturas um vocabulário restrito às linhas verticais e horizontais e às cores puras.
O vestido tornou-se um ícone da moda e marca do processo criativo dos anos 60.
Outros artistas também inspiraram Saint-Laurent em suas criações, como Pablo Picasso, Georges Braque, Andy Warhol, Van Gogh, Pierre Bonnard, Fernand Léger, Diego Velázquez, Eugène Delacroix, dentre outros.



Yves Saint Laurent – 1965
coleção inspirada em Mondrian



Top Model Katoucha – 2002
com vestido de Yves Saint Laurent inspirado em Picasso




Yves Saint Laurent – 2002
peça inspirada em Van Gogh

domingo, 17 de agosto de 2008

Ballet Le Train Bleu - 1924
Figurino de Coco Chanel, cenário de Jean Cocteau,
pano de boca de cena de Pablo Picasso

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